Uma pautinha interessante para os colegas do jornalismo diário: A territorialidade in (visível) dos bailes funk em Campos. O assunto é tema da monografia do futuro professor de Geografia, Almir Gonçalves de Souza Jr. A defesa acontecerá nesta quinta-feira (15) no IFF (ex-Cefet), às 16 horas.
Durante meses o estudante conviveu com jovens de comunidades faveladas para estudar o fenômeno. Lá pelas tantas um jovem do tráfico perguntou se o pesquisador não tinha medo de morrer.
Além de estudar os aspectos culturais e geográficos, ele entrevistou pessoas das comunidades, organizadores de bailes e também traficantes. O resultado vai ser apresentado à banca formada por doutores e mestres do IFF, Universidade Candido Mendes e Uenf.
Acostumados a acompanhar a vida dessas comunidades com a intermediação da polícia, nós da imprensa temos uma boa oportunidade de dar também um mergulho nesse rico universo. Na geografia aprende-se que uma paisagem, para ser verdadeiramente conhecida, exige mais que sensibilidade do olhar.
É preciso saber chegar, conhecer o que há por trás das aparências, a forma como as coisas se relacionam. O grande geógrafo Milton Santos usa como metáfora a prática de remover camadas de paredes até chegar àquela da tinta original. É assim que se desvenda a paisagem.
Quanto aos territórios, marcados por relações de poder, há nesse caso específico das comunidades muito o que desvendar. Vale lembrar problemas recentes, como a briga de grupos rivais da Baleeira e Tira Gosto, em eventos cívicos na frente da prefeitura de Campos. Isso tem a ver com a territorialidade, representada pela ação de determinados grupos numa fração de espaço e de domínio a partir de relações de poder.
No caso de Campos, a territorialidade dos traficantes é há tempos operada em rede. Da TG ou Baleeira eles dominam ruas e bairros. Essa situação complexa é do conhecimento de autoridades e da população. As implicações mais profundas disso, dizem os pesquisadores e acadêmicos, pouco têm sido percebidas pela imprensa.
Por outro lado, as percepções da academia não costumam chegar com facilidade à população.
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